Corrupção: é preciso intolerância com ela para poder combatê-la
Raúl Sendic, filho de um ex-guerrilheiro Tupamaro, era vice-presidente do Uruguai até uns dias atrás, quando veio à tona umas peripécias dele da época em que foi diretor da estatal petrolífera do país, há mais de uma década.
O pecado de Sendic é fichinha, se se levar em consideração apenas os valores envolvidos – 56 mil dólares em gastos com luxos, tudo debitado num cartão corporativo da estatal, quando comparados aos escândalos brasileiros;
O ex-presidente Mujica, também um ex-Tupamaro, relativizou o caso, e fez tal comparação, acrescentando ainda as artreirices da era Kirchner, na vizinha Argentina.
Ora, a intolerância uruguaia com a corrupção é talvez a principal responsável pelo nosso vizinho ocupar lugar de destaque no ranking de honestidade (21º) elaborado pela ONG Transparência Internacional. O Brasil, por exemplo, ocupa a vergonhosa 79º colocação.
Mesmo popular e sendo forte candidato à Presidência da República em 2019, à exceção de Mujica, nenhuma grande liderança política do país saiu em defesa de Sendic.
O Tribunal de Conduta da Frente Ampla, instância partidária da coalizão que governa o país, foi instado pelo próprio Sendic a se pronunciar. O órgão confirmou que o vice-presidente cometeu faltas éticas graves.
Sem respaldo, Sendic renunciou ao mandato e, ao que parece, sepultou a sua carreira política.
Por Sérgio Trindade