O fracasso dos analistas políticos da mídia e das universidades

O ano de 2018 e este início de 2019 têm sido pródigos em mostrar que a análise política, no Brasil, confunde-se com torcida. Nisso, mídia e universidades andam de mãos dadas.

Para citar, sem dizer o nome, um ex-presidente da república, nunca se analisou tanto e tão mal as lides políticas neste país.

No último pleito presidencial, Lula, sem poder ser candidato, dada a situação de condenado em segunda instância, era apresentado pelo partido e, pior, festejado pelas universidades e noticiado pela mídia como candidato que liderava a corrida presidencial. Todos sabiam que ele não seria candidato, mas insistiam na fantasia.

Jair Bolsonaro era diuturnamente esquecido e desprezado pela elite intelectual brasileira, encastelada nas universidades e na mídia.

Praticamente nenhum comentarista político ou cientista político da grande mídia ou das grande universidades indicou a possibilidade concreta de vitória na corrida presidencial do militar reformado e deputado federal. A esmagadora maioria até torceu contra e deixou que a torcida contaminasse suas análises.

Podiam ter aprendido. Mas o que se observa, neste início de 2019, é mais do mesmo.

Os analistas e cientistas políticos de nomeada cravaram, a dois dias da eleição para presidência do senado, que o Renan Calheiros estava virtualmente eleito.

No dia da eleição, o até então imbatível senador alagoano, que já presidira o senado por três vezes, tomou um calor de um desconhecido senador do Amapá, tendo de recorrer a vários artifícios para suspender a sessão e, na sequência, recorrer ao STF.

Não adiantou muito. Feita a votação e aberta a urna, no dia seguinte, o desconhecido Davi Alcolumbre, do Amapá, venceu o pleito no primeiro turno, arrebanhando o voto de 42 dos 81 senadores.

O resultado, humilhante para Renan, foi vergonhoso para grande parte dos analistas e cientistas políticos, que, uma vez mais, viram-se engolfados pela avalanche da torcida da qual fazem parte.

Por Sérgio Trindade