A bolha identitária debaixo de chuva

por Sérgio Trindade foi publicado em 07.mar.23

Estava, por esses dias, navegando pela internet quando me deparei com um texto muito curioso, beirando o humor, na Folha de São Paulo. De tão hilária a argumentação pensei que se tratava de uma página de gracejo com o jornal paulistano, mas constatei, depois de conferir cuidadosamente, que era mesmo da Folha.

Em linhas gerais, a colunista escreve que os mais de 600 litros de água por m² não causaram os desastres (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/desigualdades/2023/02/a-culpa-nao-e-da-chuva-e-do-racismo-ambiental.shtml). O ocorrido, segundo ela, não tem muito a ver com a chuva, mas com o racismo ambiental, pois a política urbana “é responsável por pessoas negras e periféricas estarem em risco.” Se nos fiarmos no que diz a colunista, os deslizamentos de terra causados pelas fortes chuvas que caíram no litoral norte de São Paulo não se devem às chuvas, mas “ao poder público negacionista, aos interesses privados, à especulação imobiliária, ao poder de barganha das grandes fortunas, ao descaso com os mais pobres, ao racismo, à desigualdade social e a um ‘desenvolvimento’ que mata.”

Esse povo diz as asneiras que quer e depois fica se portando como vítima porque quem não é da bolha reage diante das estultices proferidas.

Os militantes identitários e todos os que vivem em bolhas são assim: formam consensos nos ambientes que frequentam e vivem, tornam tais consensos dogmas e acham que basta expô-los para ganhar a adesão de todos.

Não percebem que no mundo real, aquele em que Jair Bolsonaro venceu uma eleição presidencial e perdeu a segunda por margem muito estreita, os consensos por eles fabricados não são acolhidos e nem mesmo são consensos. E, aí, sofrem com a maldade do mundo.

É gente que está, psicologicamente, na infância ou, quando muito, só adolesceram.

O identitarismo desmedido forja abobrinhas como o racismo ambiental, mais uma desgraça acadêmica que vai para o mainstream e logo, logo, ocupa prédio na Esplanada dos Ministérios.

Depois as pessoas deixam de levar a sério tudo que vem acompanhado da palavra racismo e chovem acusações de alienação.

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