Winston Churchill, o Estadista

por Sérgio Trindade foi publicado em 29.out.20

Líder com aura de herói, herói mesmo de guerra na juventude e primeiro-ministro durante quase toda a segunda guerra mundial, Winston Churchill, se vivesse nos dias atuais, teria dificuldades descomunais para conduzir-se na vida pública.

Fumante inveterado e beberrão, o maior britânico de todos os tempos, segundo enquete feita pela BBC em 2002, teria de explicar o tempo todo suas posições politicamente incorretas, afinal foi um imperialista empedernido, que chegou a cogitar em deixar Gandhi morrer, caso o pacifista indiano fizesse greve de fome quando foi prisioneiro dos ingleses durante a segunda guerra mundial, defendeu o uso de gás mostarda contra tropas otomanas durante a primeira guerra mundial, mandou reprimir, com mão de ferro, em 1908, quando era ministro do interior, uma greve operária, no País de Gales, etc.

Seus críticos dizem que ele era machista, racista, reacionário, fervoroso defensor do Império britânico e anticomunista empedernido (certamente uma de suas grandes virtudes).

Mesmo reconhecendo os seus erros (grandiosos como grandioso foi Churchill), continuo vendo-o como o maior estadista do século XX e um dos maiores de todos os tempos.

Nos últimos dias assisti várias vezes, quase sem parar, dois filmes – Dunkirk e o O destino da Nação – e li alguns capítulos dos livros de Jon Meacham (Franklin e Winston: a intimidade de uma amizade histórica) e de Lord Roy Jenkins (Churchill), este considerado a melhor biografia sobre o grande líder britânico para afirmar e reafirmar o que já penso sobre a excepcionalidade de Churchill.

O dia 4 de junho de 1940 foi, para milhares soldados britânicos, encurralados na cidade portuária de Dunquerque, no norte da França, o dia da sobrevivência.

Graças à ordem pessoal de Hitler para que ofensiva nazista cessasse e a um ardil pensado e proposto por Churchill, mais de 300 mil soldados conseguiram retornar à Inglaterra em barcos.

A Batalha de Dunquerque ocorreu entre os dias 25 de maio e 4 de junho de 1940 e até hoje estudiosos discutem os motivos que levaram Hitler a não permitir que as tropas britânicas fossem massacradas.

Teria ele pensado em chegar logo a Paris ou aguardava que as forças pró-acordo de paz na Inglaterra garantissem uma aproximação entre alemães e britânicos, praticamente fechando o front ocidental e permitindo que o líder nazista lançasse suas tropas contra a União Soviética?

Os dois filmes acima citados demonstram a grandeza política de Churchill e se encerram com um dos mais emblemáticos e históricos de seus discursos, motivando a nação para continuar a luta. Reproduzo, abaixo, a parte mais tocante e mais forte:

“Muito embora grandes extensões da Europa e antigos e famosos Estados tenham caído ou possam cair nos punhos da Gestapo e de todo o odioso aparato do domínio nazista, nós não devemos enfraquecer ou fracassar. Iremos até ao fim. Lutaremos na França. Lutaremos nos mares e oceanos. Lutaremos com confiança crescente e força crescente no ar. Defenderemos nossa ilha, qualquer que seja o custo.

Lutaremos nas praias, lutaremos nos terrenos de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; nunca nos renderemos, e se, o que eu não acredito nem por um momento, esta ilha, ou uma grande porção dela fosse subjugada e passasse fome, então nosso Império de além-mar, armado e guardado pela Frota Britânica, prosseguiria com a luta, até que, na boa hora de Deus, o Novo Mundo, com toda a sua força e poder, daria um passo em frente para o resgate e libertação do Velho.”

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