Meu colega não me conhece

por Sérgio Trindade foi publicado em 25.mar.21

Dia desses fui surpreendido com uma mensagem de um colega, que não me dirigia a palavra há pelo menos um ano, cobrando posição minha de defesa a Lula, logo depois que o líder petista teve a ficha limpa por Édson Fachin.

É o mesmo colega que, vez por outra, imputava culpa a mim pelo fato de o Brasil ser governado por Bolsonaro. Segundo ele, o fato de eu votar branco quando o atual presidente disputava o cargo com Fernando Haddad (PT) me faz responsável pela atual situação do Brasil.

Cheguei perto de mandar, por vezes, meu colega para muitos cantos impublicáveis. Nunca o fiz, por “n” motivos, incluindo respeito a mim mesmo.

Calmamente, depois de ouvi-lo dizer pela enésima vez que Lula é inocente, rebati apontando que Lula não foi inocentado. Fachin registrou que Sérgio Moro não tinha competência para julgar o ex-presidente e, na sequência, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), com votos de três ministros, apontou suspeição de Sérgio Moro no caso do julgamento do pernambucano nascido em Garanhuns.

Lula, agora, será julgado por juiz de primeira instância em Brasília. Pelo tempo que o processo correrá, com recursos e embargos infringentes e declaratórios, etc, etc e etc e, por ser septuagenário, é provável que os crimes prescrevam e o petista nunca mais volte para o xadrez.

No que concerne a votar em Lula contra Bolsonaro na eleição de 2022, mantenho minha posição de 2018 e voto branco.

Tenho bons amigos lulistas e bolsonaristas e não permito, em hipótese alguma, ser ideologicamente patrulhado por eles e tampouco empreendo patrulha. Continuo amigo deles e brinco e confraternizo com meus amigos, mas não voto nos candidatos que eles votam. Sabem que para serem meus amigos, as fronteiras são bem definidas e não ousam ultrapassá-las e o mesmo eu faço, nunca ultrapassado as fronteiras daqui para lá.

Para mim, Bolsonaro é politicamente primitivo e está enrolado com filhos suspeitos de ladroagem; Lula sem dúvida é uma das grandes lideranças políticas nascidas no Brasil entre os anos 1970-80 e um populista cínico; os indícios apontam-no como ladrão.

Não votar em Lula não significa votar em Bolsonaro; não votar em Bolsonaro não significa votar em Lula. Os dois não são iguais, mas guardam semelhanças políticas. Os seguidores, com honrosas exceções, são alucinados e liberticidas. E de gente assim mantenho distância política.

Enquanto a polarização entre o primitivo e o cínico estiver em cena, o Brasil corre para a ruína.

Que 2022 nos aponte alternativas viáveis e sadias.

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