PMDB, PSDB, PMDB
Todos os partidos que hoje se apresentam como linha de frente na luta pelo fim do regime autoritário não existiam entre 1968-78, quando o regime instaurado em 1964 dispôs do AI-5, o mais longevo e eficaz dos atos institucionais, o relho com o qual os militares mantiveram a sociedade sob controle. A exceção é o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), à época Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Após a derrota da emenda Dante de Oliveira, que propôs eleições diretas, foram necessários muitos acordos para garantir a eleição, via Colégio Eleitoral, de Tancredo de Almeida Neves à Presidência da República.
A morte de Tancredo antes de assumir o governo e consolidação de José Sarney, antigo aliado do regime autoritário que chegava ao fim, em 1985, como Presidente da República, aviltou o PMDB e tornou-o preso do clientelismo reinante na Nova República, a ponto de uma parcela do partido, que se considerava ética e portanto refratária as práticas que se disseminavam no seio do partido e que tinham no então governador de São Paulo, Orestes Quércia, eleito em 1986, na esteira do Plano Cruzado, sentir-se incomodada.
Uma parcela desse grupo ético do PMDB, quase todos cardeais do partido, abandonou-o e criou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que já no ano de 1989 lançou Mário Covas como candidato à Presidência da República, em 1989.
Quase trinta anos depois da sua fundação, um grupo dentro do PSDB, liderado pelo presidente provisório do partido, Tasso Jereissati, faz mea-culpa e desculpa-se, em programa de rádio e televisão, por práticas de corrupção política.
A ação de Tasso e seus liderados ameaçam fraturar o PSDB pelo mesmo motivo que o fez nascer, corrupção.
A história se repete, agora tornando o PSDB refém do PMDB.
É tragédia ou farsa?
Por Sérgio Trindade