A sobrevivência do petismo

por Sérgio Trindade foi publicado em 03.fev.22

Por que o Partido dos Trabalhadores (PT) e o petismo ainda exibem musculatura suficiente para alçar Lula a principal contendor para disputar a presidência da república, em 2022?

Antes de mais nada, é inquestionável que houve avanços sociais na era petista. Alguns advindos dos méritos do governo Lula/Dilma e alguns outros oriundos da arrumação da economia levado a cabo pelos presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique e também do desempenho da economia mundial, com grande impacto no preço das commodities.

A resposta que tento dar é a da política e segue caminho mais simples.

Os grupos oposicionistas falharam ao aprovarem o impeachment de Dilma Rousseff.

Em seus discursos, Lula some com o governo do seu primeiro poste presidencial, como se ele jamais tivesse existido. Em outros, busca fantasiar a realidade, negando que o período entre 2013 e 2016 tenha existido ou buscando a todo instante reescrever aquele momento e mentindo deliberadamente sobre a boa situação do país em 2014, ano em que, por margem diminuta, Dilma foi reeleita, vencendo o candidato tucano Aécio Neves.

Lula e o PT conseguem iludir a parcela do eleitorado, especialmente os mais jovens, aqueles mesmos que acreditam que o Ciência Sem Fronteiras era uma grande ideia, mas se recusam a reconhecer que foi encerrado pelo governo Dilma. Aqueles mesmos que acreditam que o FIES foi uma ótima ideia, mas negam que o programa gerou calote descomunal. E são os mesmos que ignoram que partiu de Dilma a decisão de cortar programas sociais em 2015.

Muitos não sabem que os índices de pobreza voltaram a subir em 2013 (https://portal.tcu.gov.br/tcu/paginas/contas_governo/contas_2014/fichas/2_Desempenho%20da%20Economia%20Brasileira.pdf) (https://www.bcb.gov.br/pec/boletim/banual2014/rel2014cap1p.pdf).

Os dados sobre isso deveriam ser divulgados em outubro de 2014, conforme o calendário do IPEA, no entanto a informação foi adiada para “não prejudicar a eleição”(https://m.folha.uol.com.br/colunas/reinaldoazevedo/2014/11/1547975-que-bom-que-dilma-perdeu.shtml).

Em fevereiro de 2014, Dilma foi alertada sobre as pedaladas, mas ignorou solenemente a informação, afinal ela “faria o diabo para ganhar a eleição”. (https://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/27/politica/1427458565_874347.html).

São os fatos e a internet está aí para relembrar.

O PT tanto reconhece isso que esconde a ex-presidente e o próprio Lula já disse que o tempo de Dilma passou, que ela não sabe fazer política, etc (https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/01/4980393-lula-diz-que-dilma-nao-tem-a-paciencia-que-a-politica-exige.html).

O PT, Lula e o petismo seguem sem saber sobre o que fazer com Dilma.

Passados sete/oito anos do ocorrido que levou ao impedimento da presidente da república, o vice assumiu um abacaxi, com renhida oposição de alguns diligentes e articulados grupos (universidades, sindicatos de trabalhadores, artistas, etc), e o passivo herdado da gerentona caiu no colo de Temer. Este, por sua vez, teve assessores e amigos colhidos em atos para lá de suspeitos e a turma de Dilma e de Lula resolveu, uma vez mais, apresentar-se como guardiã da moral pública. Para completar, a eleição de 2014 pôs na cadeira presidencial um boquirroto desmiolado e atrapalhado, de braços dados com alguns dos piores gângsteres da política nacional (alguns dos quais esteve também de braços dados com Lula e Dilma, no longo reinado petista) e com filhos problemáticos, para dizer o mínimo.

Tudo isso montou o caldinho político que gabarita Lula a tentar, com grande chance de sucesso, subir a rampa do Palácio do Planalto.

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