Democracia e liberdade

por Sérgio Trindade foi publicado em 14.jul.23

Essa história de que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), suspendendo os direitos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro por oito anos, abre caminho para uma direita civilizada é uma bobagem sem tamanho. Típica de quem comprou o esquema interpretativo esquerda versus direita.

Não importa se alguém se apresenta como de esquerda ou direita se não for efetivamente defensor das liberdades individuais, logo a democracia, para se consolidar e se fortalecer, exige que os caminhos sejam abertos pelos e para democratas liberais, pois não existe democracia liberal sem democratas liberais.

O presidente do Chile Gabriel Boric é de esquerda; Maduro, Ortega e Obrador também são. Lacalle Pou, do Uruguai, é de direita e é melhor do que Bukele, Henry, Orbán ou Erdogan.

Ambos, Boric e Pou, são democratas liberais, ou seja, não populistas e responsáveis pela manutenção de discursos e práticas democráticas na América Latina.

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E o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Barroso, hein, fazendo campanha em cima de palanque armado pela União Nacional do Estudantes (UNE), como se estivesse no frescor dos seus 20 aninhos?

A fala de Barroso no comício do qual participou é inaceitável. Mesmo que entreguemos a ele o benefício da dúvida, afinal ele disse que não quis se referir ao bolsonarismo mas ao extremismo político, um ministro do STF não deve, de forma alguma, festejar a derrota de um grupo político.

A postura de Barroso demonstra cabalmente como e quanto o aparelho judiciário brasileiro está tomado pelo facciosismo político.

Juiz que quer ser político deve abandonar a toga, como fez o atual ministro da justiça, Flávio Dino. É inadmissível que um integrante da mais alta corte de justiça do país, aquela que está como guardiã da Constituição, abandone o comedimento e saia, em palanques juvenis, partidarizando a fala.

Tão ou até pior é ouvir e ler intelectuais e presumidos intelectuais, acadêmicos e jornalistas justificando a postura de Barroso, que, num país minimamente sério, teria voltado ao barro.

No Brasil, estão limpando a barra dele, como já fizeram com outros da mesma corte e d’outros poderes da nossa maltratada república.

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