O Maior de todos

por Sérgio Trindade foi publicado em 12.maio.19

As aposentadorias dos professores Mariz e Assis encerram uma era do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.

Mariz e Assis são dois emblemas da instituição. Ambos foram protagonistas verdadeiros, sem nunca terem pleiteado protagonismo algum, da mais tradicional instituição de educação deste estado.

Comecemos pelo professor Mariz. Posteriormente, escreverei sobre o professor Assis.

***

Nascido Francisco das Chagas Fernandes Mariz, no Seridó do Rio Grande do Norte, na Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte/Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte/Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte ele foi inicialmente Chico para, logo depois, tornar-se Mariz.

Carrega o nome de família que pariu uma das maiores lideranças políticas do estado, uma vez governador e três vezes senador: Dinarte de Medeiros Mariz. Quando eu o entrevistei para um trabalho que realizava sobre a expansão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Mariz disse que era “do lado pobre da família”.

De contínuo a Diretor Geral, Mariz exerceu muitas funções na instituição na qual ingressou no final dos anos 1960. Aposentou-se há duas semanas como o Maior de todos os que passaram pelos quadros da centenária e lendária instituição que já teve muitos nomes, alguns deles gravados na memória dos potiguares – ETFRN/CEFET/IFRN.

Conheci Mariz, de longe, quando eu ainda era estudante da ETFRN, nos anos 1980. Pouco menos de dois anos depois de minha saída da Escola, ele ainda era Chico e coordenava a campanha da professora Luzia, primeira eleita para dirigir a ETFRN. Tornou-se Mariz e sentou na cadeira de Diretor entre os anos 1990 e 2000.

Aproximei-me dele quando assumi, em 2008, a direção acadêmica do campus Santa Cruz do IFRN, a convite do professor Erivan Amaral.

Nunca foi homem de holofotes. Mas se entusiasmava como se estivesse em cima de um palanque e estivesse tomado por fervor carismático quando começava a falar sobre a ETFRN/CEFET/IFRN. Eu aproveitava as ocasiões para saber da história e do funcionamento da instituição. E Mariz desfiava, como uma metralhadora giratória, casos, dados e fatos, numa velocidade difícil de acompanhar. Invariavelmente eu saía das conversas entre esgotado e feliz, até empolgado e sequioso por saber mais detalhes.

O trabalho e dedicação à Escola foram sua marca. Por isso, mesmo que quando exercia papel de coadjuvante pontificava como personagem principal. Sem forçar a barra, como se fosse natural um mesmo ator estar em um papel que lhe exigia duas performances.

Pela história dedicada à educação, o seu nome chegou a ser cogitado para assumir a secretaria de educação do estado. Quando confrontado com a ideia, Mariz a refutava, alegando que não dirigiria uma secretaria na qual não tivesse autonomia para tal.

Pois bem, Mariz aposentou-se. Depois de cinquenta e dois anos o hoje IFRN não o tem mais em seu quadro de servidores ativo. Será um vazio muito difícil de preencher. É quase inimaginável não vê-lo andando apressadamente pelos corredores da Reitoria e por qualquer espaço das diversas unidades do IFRN.

São cinquenta e dois anos dedicados a uma instituição que tem cento e dez anos de vida.

Imbricadas, vida e história uniram-se e construíram uma lenda.

Vida longa a Mariz.

 

Por Sérgio Trindade

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